8.04.2007

OPINIÃO: A NeoEuropa – «Um novo começo»

Nota introdutória: Este artigo marca o início da análise socio-política no GPInformation enquanto área temática, meta a que nos havíamos proposto no início deste projecto, mas que, por diversas razões, não tinha sido concretizada até ao momento. O tema em causa foi escolhido pela sua actualidade e pertinência, ou não tratasse do espaço geopolítico onde nos inserimos, e onde queremos contruir um futuro a todos os níveis melhor. Outros factos e dimensões se seguirão.

Num (muito bom) artigo sobre a obra de Zlavoj Zizek, publicado em Janeiro deste ano no então existente suplemento "Mil Folhas", do jornal "Público", é referido que, para o pensador esloveno, é imperioso «formular um novo começo» para a Europa, sob pena de esta se tornar «um destino para o turismo cultural nostálgico, sem verdadeira importância real».

A fragilidade das resoluções da recente Cimeira de Bruxelas, no que concerne à consolidação do projecto europeu, reflecte que de facto algo não está bem no caminho que está a ser seguido. Mas o que estará efectivamente mal? Tratar-se-á de um fenómeno circunstancial, ou de uma verdadeira falência de modelos?

A observação da actual conjuntura faz pensar nas palavras de Zizek, e nas críticas que faz à civilização capitalista global. No entanto, creio que a questão não passa por sequer equacionar a opção pelo regresso a sistemas historica e socialmente ultrapassados, e comprovadamente perversos.

Dessa forma, não estará na altura de reflectir sobre uma mudança de paradigmas? Uma verdadeira "terceira via"? É uma discussão complexa, até porque – reconheço – pressupõe uma visão utópica. Mas não é a História da Europa uma História de utopias, mais ou menos concretizadas?


Zlavoj Zizek


Mas voltemos à realidade, nua e crua. O facto é que, ao invés de seguir o seu próprio caminho, a União Europeia tenta-se adaptar a uma globalização ditada pela visão economicista que distorce a evolução própria de um mundo que é, efectivamente, novo. Isto, embora se arrogue ao direito de querer exportar o seu modelo, que – pelo que pode depreender – determinados sectores querem que, pura e simplesmente, deixe de existir.

O que está em causa não é o encerramento em torno de uma Europa-fortaleza ou da manutenção das coisas tal como estão. Trata-se de uma verdadeira e – como comprovado – necessária refundação identitária, numa conjugação de Cultura, Tecnologia e Ambiente, que conduza à NeoEuropa.

Nuno Loureiro
Fotografia: D.R.


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