11.27.2006

MiMi Records


MiMi é uma netlabel que tem como objectivo divulgar o que se faz em Portugal e no Japão relativamente às novas tendências da música electrónica (electronica, i.d.m., glitch, noise, hardcore digital, experimentalismo). É, também, uma forma de troca de experiências musicais entre músicos dos dois países.

À frente do projecto, está Fernando Ferreira (que também integra a equipa do Clubotaku, uma e-zine dedicada ao anime/manga e cultura japonesa), que explica como tudo teve origem: «Tudo começou quando assisti a um concerto de música e dança tradicional japonesas, para comemorar os 460 anos de amizade Portugal-Japão, organizado pela Embaixada do Japão em Portugal. Depois do concerto, pensámos "porque não continuarmos esta amizade usando a nova música"? E assim nasceu a MiMi».


Até ao momento, a esmagadora maioria das edições da MiMi são em formato .mp3. A excepção é "Give the finger to spoiler's disk" uma compilação em CD-R, com edição limitada, que reúne vários (e variados) projectos japoneses.

11.16.2006

O caos italiano

O barulho das gotas de uma torneira, a linha própria de uma costa, o nosso ritmo cardíaco, a forma de uma nuvem... são fenómenos constantemente considerados como diferentes aspectos de um só universo complexo, o do caos.


Poder-se-ia compreender a complexidade da natureza, se esta fosse pensada enquanto algo que não é apenas casual ou acidental. «As nuvens não são esferas», como Benoit Mandelbrot, pioneiro nos estudos sobre o caos, adora referir. As montanhas não são cones, nem o relâmpago se propaga de forma linear. A geometria fractal reflecte um mundo profundamente irregular, que não é assim tão redondo, que é duro e não suave. É a geometria da ilusão. O caos reduz o tecido conectivo global da natureza a um único, embora complexo, sistema fractal.


Tudo isto tem vindo a ser “captado” pelos artistas: as evocativas paisagens chinesas mergulhadas numa total turbulência (nuvens, contornos de montanhas, formas vegetais...), as proporções – recorrentes a escalas geométricas precisas – de numerosos monumentos, tanto antigos como contemporâneos, Van Gogh e os seus fluxos de energia que interagem nas suas formas, as geometrias “maníacas” de Escher...


Por outro lado, o artista de hoje está consciente das inúmeras possibilidades da Arte Caótica. Este tipo de arte, através de meios de expressão próprios – fractal, pólos de atracção, turbulência – “mistura” sabiamente semelhança e dissonância, faz coexistir o mais duro dos componentes materiais com espírito Zen num eterno contraste. A repetitiva e geométrica linearidade encontrada na areia e a dureza de uma rocha num jardim fractal cósmico, microcosmo e emblema de um universo com o seu maravilhoso e, por vezes, indecifrável, CAOS.

Ruggero Maggi

Tradução: Nuno Loureiro

Excerto do press-relase da exposição colectiva “Italian Chaos”, gentilmente cedido pelo Milan Art Center (Itália)
Fotografias: D.R.

11.15.2006

Alexander Kluge

Non agressive society




Realizador, argumentista, produtor e autor. Nasceu em 1932 em Halberstadt, Harz, na Alemanha.
Formado em Direito nas universidades de Freiburg, Frankfurt e Marburg. É tido como o “padrinho” do Cinema Novo alemão. Incentivou jovens realizadores a rebelarem-se contra o moribundo estado do cinema alemão, depauperado pela Segunda Guerra Mundial. Um dos mentores do manifesto “Oberhausen” de 1962. Escreveu muito sobre Economia e Cinema. No Institut für Filmgestaltung em Ulim, influenciou o talento e a consciência de Wim Wenders e Edgar Reitz, entre outros.

Falamos, é claro, de Alexander Kluge
, que – a par de nomes como Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog, Margerethe von Trotta e Volker Schlöndorff – renovou o cinema alemão nas décadas de 1960 e 70, e ainda hoje.
Os seus filmes caracterizam-se por uma forte sátira às incongruências políticas, através de montagens e narrativas com um cunho avant-garde. A sua primeira longa-metragem, “Abschies von Gestern” (1966) ganhou oito prémios no Festival de Cinema de Veneza, nesse mesmo ano. O filme traça as características que moldam Anita G., uma jovem com pouca sorte para o amor.

Muitas das personagens de A. Kluge são mulheres face a sociedade a uma repressiva sociedade sexista, como no filme “Gelenheitsarbeit einer Sklavin” (1974), no qual uma rapariga vende salsichas embrulhadas em manifestos políticos aos trabalhadores. Os filmes deste realizador geralmente evocam os contrastes entre o passado e o presente da Alemanha, à luz de duas obsessões permanentes: o materialismo e o militarismo.

As suas obras não são facilmente entendidas pelas audiências americanas, embora retratem muitas vezes a dependência da Alemanha em relação aos E.U.A., tal como “Willi Tobler and the Decline of the Sixth Fleet” (1970). A sua específica sátira política pode parodiar quer com o marxismo, quer com o capitalismo. Aliás, para Alexander Kluge, as instituições submetem-se à sua própria autoridade até deixarem de servir os propósitos para que foram criadas. Chega mais longe, quando em filmes como “The Patriot” (1979) ou “The Candidate” (1980) ridiculariza a mediocridade dos que a toleram e a sustentam do alto dos seus cargos institucionais.

«A sociedade não serve as necessidades dos seres humanos», disse Kluge, «mas é tão inofensiva que não estimula uma luta directa». Por isso mesmo, é que os seus vilões são tão ineficazes como os seus heróis: por exemplo, Ferdinand, o bobo fascista em “Strongman Ferdinand” (1979).

É que o cineasta acredita que, mostrando-se absurdo, a consciência humana cai em si e procure ultrapassá-lo. Nesse sentido, os seus filmes começaram a tornar-se cada vez mais um retrato do absurdo, sem se tornarem inverosímeis aos olhos da história alemã. Ele disse: «Eu crio personagens históricos numa sociedade não histórica».

Miguel dos Santos Soares
Fotografia: D.R.

Entrevista: De Fabriek

A fábrica de sons


Iniciado no final da década de 1970, De Fabriek é um projecto que sempre apresentou uma personalidade única, apesar de todos os ventos de mudança conceptual que o atingiram durante três décadas. Balanço de uma longa carreira – em que colaborou com nomes como Conrad Schnitzler, The Klinik, Esplendor Geométrico ou P16.D4, entre muitos outros – nas palavras de Richard van Dellen, o seu principal operário.

Os De Fabriek nasceram no ano de 1977, em Zwolle (Holanda). Pode falar um pouco sobre o início do projecto e dos seus primeiros membros?
Eu tinha 25 anos de idade, na altura. O outro membro dos De Fabriek era Henry Mouwer, guitarrista de uma banda punk local, chamada The Vopos.
Antes de 1977 tínhamos o nome de Cyclon B Tapes. Éramos apenas duas pessoas!

Que bandas é que que vos influenciaram, na altura?
Kraftwerk, La Düsseldorf, Neu, Faust, Amon Düül, Cluster, Eno, Holger Zsukay, Harmonia, Popol Vüh, entre muitos outros.

Nos primeiros tempos dos De Fabriek, vocês utilizavam brinquedos para produzir sons, tendo chegado mesmo a fabricar os vossos próprios instrumentos. Como é que funcionavam as coisas, nessa altura?
Os nossos instrumentos de brincar vinham dos departamentos infantis dos grandes armazéns: eram pequenos e engraçados objectos, que emitiam sons do espaço e vozes no estilo Kraftwerk, e orgãos de plástico.
Quanto aos instrumentos feitos por nós próprios, estes eram, por exemplo, os crackle-synthesisers (kraakdozen, em holandês), que pareciam pequenas caixas de distorção com um só botão, ou outros instrumentos que soavam como um theremin estragado.

Ao longo de 30 anos de actividade musical, o som dos De Fabriek passou por várias e diferentes vertentes – do industrial ao funk ou mesmo acid-jazz, que se uniram num cocktail musical muito próprio. A intenção era essa, passar fronteiras?
Quanto a passar fronteiras, bem, se existem fronteiras, nós não as passámos porque não estávamos à procura delas. Na maior parte das vezes, nós tentamos fazer música espontaneamente e sem estar dentro de “compartimentos” musicais estanques.
Houve mesmo casos de editoras que nos pediram que fizéssemos temas dentro de determinados estilos. Nós rejeitámos muitas vezes esses pedidos, porque isso não nos diverte!

Os De Fabriek sempre foram um colectivo de vários músicos (“operários”), provenientes de backgrounds musicais diferentes. Gosta de trabalhar com todas essas pessoas?
Sim, acho que gosto de trabalhar com qualquer pessoa que também goste de trabalhar com os De Fabriek, sem excepções e sem modelos. Nós também não fazemos selecções. O som tem que vir dos dois lados, ou melhor, de três ou quatro lados diferentes. Nós odiamos modelos – se se quer fazer música experimental, tudo tem que ser livre.

Para além dos De Fabriek, tem algum projecto paralelo?
Eu nunca quis começar um novo projecto, com os mesmos objectivos mas com um nome diferente. Apesar disso, trabalhei num duo chamado Narwal, em conjunto com um amigo meu, que o começou há alguns anos. Este projecto já não existe.

Nuno Loureiro e Richard van Dellen
Fotografia: D.R.


10.09.2006

Abducted by aliens? Call now for compensation

BERLIN (Reuters) - A German lawyer hopes to drum up more business by pursuing state compensation claims for people who believe they were abducted by aliens.
«There's quite obviously demand for legal advice here», Jens Lorek told Reuters. «The trouble is, people are afraid of making fools of themselves in court».
Lorek, a lawyer based in the eastern city of Dresden who specializes in social and labor law, said he hoped to expand his client base by taking on the unusual work.
He has yet to win any abduction claims, but says there are plenty of potential clients, noting that extra-terrestrial watchdogs report scores of alien assaults every year. «These people could appeal for therapies or cures», he said.
Lorek, 41, is pinning his hopes for success on a German law which grants kidnap victims the right to state compensation.
Asked if he was worried he might look ridiculous by seeking justice for clients haunted by aliens, Lorek was unfazed. «Nobody has laughed about it up until now».

9.02.2006

Entrevista: snd

Pulsar


Com formação sonora no campo da música de dança, o duo de Sheffield snd inovou a electrónica britânica com um toque germânico. Minimalismo pós-moderno pouco vulgar num país habituado a ritmos mais orientados para a pista de dança. Voltando alguns anos atrás – quando as coisas eram bastante diferentes – Mark Fell e Mat Steel contextualizam a génese de um projecto.

Podem contar como começaram os snd?
Mark: Bem, nós começámos os snd em Agosto de 1998, tendo editado um 12” – na nossa própria editora – do qual a Mille Plateaux retirou um tema para a compilação “Modulations & Transformations”. A seguir, editámos mais um 12”, e foi então que a Mille Plateaux nos convidou para a produção de um álbum. É uma história muito simples...
Mat: Eu tenho ainda um projecto paralelo, chamado Blir.

Quanto aos vossos “antecedentes”: tiveram projectos anteriores aos snd?
Mark: Sim, estivemos envolvidos em algumas coisas, mas nada de especial...
Mat: Ambos fizemos várias coisas, tendo sido lançados alguns 12” por editoras pequenas, mas, na altura, trabalhávamos com um som mais comercial.

Os snd eram então algo mais maduro, ou apenas mais uma experiência?
Mat: Os snd são uma maneira de explorar os sons, mas não sei se será algo mais maduro...

Falou-se em maturidade porque tiveram outros projectos antes deste...
Mark: Bem, com efeito, nós fomos mais longe do que nos outros projectos.

Foi então uma evolução no vosso próprio som?
Mat: Sim, claro! Mas não era um ponto final, uma conclusão. Era apenas uma pausa numa viagem...

Era importante haver em Inglaterra estes novos projectos, mais experimentais, para mostrar ao público outras formas de electrónica, que não as da dance culture?
Mark: Acho que era importante para nós, ou não o faríamos. Não sei se era importante para as outras pessoas... [risos]
Mat: Nós não encaramos o nosso som como sendo melhor que música comercial ou de dança, porque nós, de facto, gostamos bastante de música de dança. Nós apenas retiramos esses sons, tratamo-los e transformamo-los em algo diferente...

Algo de pessoal?...
Mat: Sim. O que nós gostamos e ouvimos na música de dança são as batidas. São essas batidas que queremos guardar, retirando o resto.

LIFE IN SHEFFIELD

Há pouco referiram o facto de gostarem bastante de música de dança, tendo mesmo trabalhado nessa área. Qual era, na altura, a vossa opinião sobre a Criminal Justice Bill? [n.d.r.: a CJB foi uma directiva posta em prática em 1994 pelo então governo do Partido Conservador britânico, que visava a proibição de concentrações “ilegais” de pessoas – o que incluía as raves]
Mat: Era algo que existia apenas na Grã-Bretanha, não existia em mais nenhum país europeu...
Mark: Bem, isso afectou-me há alguns anos, quando estava envolvido em actividades que podiam ser afectadas por essa lei [risos].
Mat: Em Sheffield, existia um grande circuito de festas, que ocorriam todos os fins-de-semana em edifícios abandonados, florestas...

Nuno Loureiro e Rui Farinha
Fotografia: D.R.

Entrevista: Sinsal

O son da Galicia


SINSAL é a materialização sonora do colectivo SINSALaudio, uma verdadeira “movida” que – entre a pesquisa audiovisual e a pista de dança – conduz Vigo, em particular, e a Galiza, em geral, pela via da produção contemporânea. Nas palavras (originais) de Chiu, o Home-Xirafa, fica o retrato deste projecto de free-audio.

Quando e como foi formado o projecto Sinsal?
Chiu: SINSAL nace da necesidade de espresarse dun colectivo que leva moito tempo traballando co son e ca música (Colectivo SINSALaudio). Este colectivo aglutina un programa de radio ("A Etiqueta", emitindo dende o ano 1998), un club (Vademecwm, dende o ano 95), unha productora, unha loja de discos, en colaboración co a Materia Prima de Porto, e un taller de audio, que é a célula principal do colectivo – cando mostra o seu traballo chámase SINSAL. Por estes motivos, SINSAL é un colectivo aberto e hoxe poden ser 3 compoñentes, pero mañán poden ser 8 ou so. Oficialmente nace no ano 2000, como célula itinerante.

Quando se assiste a um espectáculo dos Sinsal, fica a sensação de que o aspecto visual (vídeo) se reveste de uma importância equivalente ao sonoro. De resto, no seu caso particular, estabeleceu colaborações anteriores nos campos das artes plásticas e audiovisuais. Qual é a importância da interdisciplinariedade entre música e outros campos de intervenção artística no vosso trabalho?
Chiu: Neste momentos, e practicamente desde os comenzos de SINSAL, o peso da imaxen nos nosos concertos ten unha importancia moi relevante. En realidade, tratase dunha batalla entre colectivos e artistas para tratar de fusionar emocións. Consideramos ca emoción está no ambiente, non é necesario creala ou emulala, tampouco transmitila. Forma parte da condición humana e non é necesario nin siquera falar dela. A fusión da imaxe e o free-audio (o que facemos en directo) e o resultado dun traballo que persigue un mismo fin, desde diferentes puntos de vista. Neste momento o punto de vista do Colectivo FLEXO e o noso.
Sempre traballamos con artistas visuais e prásticos. Na historis de SINSAL contamos coas colaboracións de Montse Rego, Carme Nogueira + Antonio Doñate, Xoán Anleo, IMPUT SELECT e agora con FLEXO. Por outro lado, somos conscientes de que cada espectador xenera as súas imaxes particulares evocadas pola súa historia particular. Por eso, en ocasións fixemos concertos coas luces totalmente apagadas, en enteira oscuridade e intimidade, co fin de liberar a imaxinación individual.


A produção musical ao vivo dos Sinsal é baseada na improvisação. É esta uma fórmula apenas reservada às apresentações públicas, ou um método de trabalho mais alargado?
Chiu: A improvisación e o noso método de traballo. O concepto de "sincronización" non ten sentido en SINSAL. Temos a sorte de viaxar no mismo barco e o entendemento entre nos é máxico e funcional. Cando chegamos ó estudio, encendemos as máquinas e poñemos a funcionar a grabadora DAT, despois de dúas hora, apagamos as máquinas e quedamos para outro día, nin siquera falamos do que vai saindo, porque trátase dunha necesidade biolóxica votar música para fora, e todos sentimos o mesmo. O concepto principal de SINSAL é o disfrute da capacidade física da escoita, a explotación sin máis do sentido do oido. Non son necesarias estructuras e ritmos para facer cancións. Estas grabacións pasan a Flexo e eles fan o mesmo.

O trabalho dos Sinsal contém igualmente uma vertente próxima de "estudos antropológicos do audio", com recolhas de som in location. O que é a "materia de identidad"?
Chiu: Cando falamos de "materia de identidade", referímonos a necesidade persoal de arraigarse nos nosos orixes. Temos claro que para ser orixinais, e polo tanto, universais, temos que voltar os nosos orixes, e precisamente nestes orixes e donde tentamos recoller sons como si se trata dun traballo de campo. Galicia e un pais cheo de sons galegos, e non son precisamente os sons das gaitas e dos aparellos dos agricultores ou das verbenas dos pobos, mestizaxes mal entendidos. Galicia é rica e montañas gastadas polo paso dos siglos e, na primeira recollida, acudimos ó Glaciar de Cenza, no sureste galego. Allí construiron unha presa eléctrica a unha altitude de 1500 mts, nun val impresionante, a falda do Glaciar. Nesta presa prodúcese unha sinfonía que é casi imposible captar con micrófonos e o vento que ven do Glaciar ten moito que ver con elañ. Ainda estamos con este traballo neste momento e xa temos plantexada a segunda recollida, esta vez será debaixo dunha ponte moderne que corta pola metade a impresionante Ria de Pontevedra, os fiordos galegos.

Os espanhóis sempre foram pródigos na produção de electrónica de cariz mais experimental, como os casos de Esplendor Geométrico, Miguel A. Ruiz ou mesmo os La Fura del Baus. Sentem-se, de alguma forma, herdeiros dessa geração de músicos?
Chiu: Esta claro que hai unha xeración nova na producción de música experimental en España. Esplendor Xeométrico, Miguel A. Ruiz e La Fura pertenecen a outra xeración, non viviron na xuventude a explosión do 1988 e da nova linguaxe musical, ainda que souperon adaptarse perfectamente. SINSAL pertenece a xeración Rave, por definila dalgunha maneira, e atopuse máis tarde co mundo da música contemporanea, electroacústica e correntes similares. Neste momento en España interésannos teóricos e músicos como Francisco López, José Antonio Sarmiento (o profesor da aula de audio da Facultade de Belas Artes de Cuenca, responsable da revista sonora RAS e do encontro SITUACIONES), José Iges (ARSONAL. ARS-SONORA) e na Galicia Silvia Argüelles ou Berio Molina Quiroga. Por otro lado, estamos máis preto de festivais como Zeppeling (Barcelona), Observatory (Valencia) ou SITUACIONES (Cuenca), que do populista SONAR, ainda que este último é imprescindible e moi respetable.

Os Sinsal já estiveram no Norte de Portugal por mais de uma vez. Acredita que o Eixo Atlântico pode ser mais do que uma mera ligação económica, desenvolvendo-se uma política de proximidade cultural, tanto ao nível popular como das novas tendências contemporâneas?
Chiu: Os galegos temos moito en común cos nosos veciños portugueses, e sobre todo co Norte. Nos temos a sorte de contar cunha cidade como Porto a menos de duas horas de viaxe, e, gracias a este feito, fómonos integrando pouco a pouco nesta fantástica cidade. Neste momento a relación é fluida e productiva, a proba é que a nosa tenda asociouse a Materia Prima de Porto, non so na venda de música, tamén na programación de concertos no clube (Vademecwm). Materia Prima, e polo tanto Paulo Vinhas, impulsa a escea musical cunha forza incrible, moi preto de mecenazgo (mecenas). Un traballo que nos apreciamos con moito respeto e admiración.

Nuno Loureiro
Fotografias: D.R.

8.19.2006

Entrevista: V2 / Spread the Word

Contra os et’s, comunicar!


“Spread the Word” [“Espalhe a palavra”] é o nome de uma campanha (des)informativa que tem como objectivo primordial a denúncia de actos maléficos perpetuados ao longo dos tempos por entidades extraterrestres, como raptos e experiências com cobaias humanas. Surgida em Stanwood, no estado norte-americano de Washington, esta acção rapidamente se espalhou pelo planeta, sendo os seus inconfundíveis autocolantes – a sua principal forma de comunicação – visíveis um pouco por toda esta nossa aldeia global, do Brasil ao Egipto, passando por Portugal. V2, a misteriosa personagem / organização por trás da campanha, levanta a ponta do véu...

Quando e como surgiu a ideia de criar a organização V2 e, consequentemente, a campanha “Spread the Word” (STW)?
V2: A campanha “STW” teve início em 1995. Nós atribuímos a sua concepção a uma inspiração divina.

A V2 mantém uma rede de contactos a um nível global, estando a vossa mensagem (e autocolantes) difundida um pouco por todo o lado. Como tem sido a reacção do público, em geral?
V2: A reacção do público tem sido bastante entusiástica, por todo o mundo. Parece-nos que as pessoas têm respondido à imagem do autocolante a um nível subconsciente, mesmo que não a compreendam totalmente. Para nós, este é um indicador da veracidade e da validade da sua mensagem.

A campanha “STW” soa um pouco a teoria da conspiração. Sente que a mensagem não é levada a sério?
V2: Algumas pessoas não encaram a campanha como algo sério, mas isso não é importante para nós. O que é realmente importante para nós é o facto de os autocolantes serem distribuídos e vistos. Aqueles que agora não se apercebem da gravidade da questão irão um dia compreender...

É da opinião que os governos mundiais (e, principalmente, o dos Estados Unidos) tentam ocultar da opinião pública a existência de extraterrestres?
V2: Sim, nós sentimos que os governos têm tentado manter em segredo a presença de extraterrestres.

E quais são as razões que considera estarem por trás desta opção estratégica?
V2: O medo da reacção do público (pânico generalizado, perda de controlo, etc.) é compreensível...

Já tiveram algum problema com as autoridades federais norte-americanas?
V2: Até agora não.

A V2 está ligada, directa ou indirectamente, a outras organizações que lidem com o rapto de humanos por extraterrestres?
V2: Outros grupos, que se preocupam com a questão dos abusos extraterrestres, têm adoptado o emblema da “STW” para uso das suas próprias organizações. Nós encorajamos toda a gente a copiar a imagem à sua vontade. Quanto mais esta for vista, melhor.



CONSCIENCIALIZAÇÃO É NECESSÁRIA

O mais mediático caso de uma (suposta) intervenção extraterrestre foi o de Roswell, que originou uma intensa discussão à volta da veracidade das imagens difundidas. Qual é a sua opinião acerca deste incidente?
V2: Nós acreditamos que uma complicada série de acontecimentos de grande importância ocorreu em Roswell. Quanto à veracidade dos controversos filmes que foram recentemente difundidos, essa está ainda em questão.

Existem, em algumas das primeiras civilizações humanas, registos da presença e intervenção de entidades extraterrestres no planeta Terra [n.d.r.: registos esses mais explícitos nos casos do antigo Egipto e das culturas Inca, Maia e Azteca, na América do Sul pré-colombiana]. Crê que, de facto, já somos visitados desde esses tempos remotos?
V2: Tem havido um envolvimento (mesmo interdimensional) de extraterrestres com humanos na Terra desde o início. O que é imperativo que se compreenda é que existem entidades – tanto benevolentes como sinistras – que procuram nos influenciar e mesmo manipular - nós somos simultaneamente o desafio e o prémio. Discernimento é a palavra-chave!

Nos manifestos da “STW”, apontam a responsabilidade dos chamados “cinzentos” numa série de raptos e experiências com cobaias humanas. Acredita que todos os alienígenas têm esse tipo de comportamentos ou que, pelo contrário, existem espécies extraterrestres com quem nos poderemos relacionar, aprendendo – quem sabe – algo que nos proporcione um futuro melhor?
V2: Apesar do aumento de consciencialização resultar de encontros negativos com alienígenas, as experiências positivas são um caminho bastante mais preferível, que poderá mesmo trazer novas oportunidades.
Do ponto de vista histórico, o que tem sido descrito como aparições angélicas pode, na verdade, ser considerado como um conjunto de experiências com entidades extraterrestres.

UMA MODA ALARMANTE

Como reage à moda dos alienígenas, e a todo o marketing que a rodeia?
V2: O marketing da imagem alienígena é tão cool, engraçada e inofensiva como é igualmente alarmante... As pessoas que expõem tais imagens estão a publicitar a face de um criminoso cósmico.

Esse fenómeno pode ser contra-produtivo para a vossa campanha, não?...
V2: Bem, nós esperamos contra-atacar essa cegueira através da distribuição de milhões de autocolantes pelo planeta. As pessoas precisam de se aperceber desta ameaça, que é muito real. Nós estamos muito gratos a todos que nos têm ajudado a distribuir os autocolantes por todo o mundo.

Gostaria de deixar uma última mensagem?
V2: Sim. O movimento de resistência “STW” é uma chamada para o discernimento e acção contra os abusos contra a humanidade demonstrados pelas ditas entidades extraterrestres. Com o aumento das denúncias de raptos, a natureza dos seus autores é cada vez mais clara. Estes alienígenas, mais especificamente os “cinzentos” e seus associados, estão a violar as leis da humanidade e de Deus. Eles, raptam, violam, implantam e traumatizam homens, mulheres e crianças, repetidamente. Não sentem qualquer compaixão pela emoção ou pela dor, espelhando o pior do nosso próprio comportamento. A “STW” estabeleceu uma voz de protesto e resistência através de um emblema – a imagem dos nossos autocolantes. Nós dizemos NÃO, tanto à opressão como à passividade. Investigadores altamente conceituados na área de resistência a alienígenas têm vindo a comprovar que a força de espírito, a fé e a fúria justa se revelaram como formas consequentes de evitar tentativas de rapto. O público precisa de saber e de acreditar: a resistência resulta. A “STW” encoraja uma cuidadosa procura pela verdade. Com muita confusão e informação cruzada pelo meio, a encobrir os factos, nós incitamos todos a analisar com calma todos os testemunhos, incluindo os nossos.
Pense no assunto, interiorize-o, use a sua intuição e encontre a sua própria verdade. Mais importante que tudo, assuma uma posição educada e informada.


Nuno Loureiro
Imagens: V2 / Spread the Word