O barulho das gotas de uma torneira, a linha própria de uma costa, o nosso ritmo cardíaco, a forma de uma nuvem... são fenómenos constantemente considerados como diferentes aspectos de um só universo complexo, o do caos.
Poder-se-ia compreender a complexidade da natureza, se esta fosse pensada enquanto algo que não é apenas casual ou acidental. «As nuvens não são esferas», como Benoit Mandelbrot, pioneiro nos estudos sobre o caos, adora referir. As montanhas não são cones, nem o relâmpago se propaga de forma linear. A geometria fractal reflecte um mundo profundamente irregular, que não é assim tão redondo, que é duro e não suave. É a geometria da ilusão. O caos reduz o tecido conectivo global da natureza a um único, embora complexo, sistema fractal.
Tudo isto tem vindo a ser “captado” pelos artistas: as evocativas paisagens chinesas mergulhadas numa total turbulência (nuvens, contornos de montanhas, formas vegetais...), as proporções – recorrentes a escalas geométricas precisas – de numerosos monumentos, tanto antigos como contemporâneos, Van Gogh e os seus fluxos de energia que interagem nas suas formas, as geometrias “maníacas” de Escher...
Por outro lado, o artista de hoje está consciente das inúmeras possibilidades da Arte Caótica. Este tipo de arte, através de meios de expressão próprios – fractal, pólos de atracção, turbulência – “mistura” sabiamente semelhança e dissonância, faz coexistir o mais duro dos componentes materiais com espírito Zen num eterno contraste. A repetitiva e geométrica linearidade encontrada na areia e a dureza de uma rocha num jardim fractal cósmico, microcosmo e emblema de um universo com o seu maravilhoso e, por vezes, indecifrável, CAOS.
Ruggero Maggi
Tradução: Nuno Loureiro
Excerto do press-relase da exposição colectiva “Italian Chaos”, gentilmente cedido pelo Milan Art Center (Itália)
Fotografias: D.R.
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