12.23.2007

Entrevista: Ikue Mori




Recentemente, e no âmbito do festival Número Projecta '07, Ikue Mori visitou mais uma vez o nosso país e, desta vez, para um concerto diferente - três composições para três filmes mudos da cineasta Maya Deren. O ClubOtaku e o GPInformation tiveram o prazer de entrevistar um dos nomes mais importantes do panorama musical experimental e avantgarde do país do Sol Nascente.

Começou a carreira artística como baterista. Ainda toca?
Não toco bateria há mais de 15 anos e não tenho tido interesse em voltar a tocar, mas nunca se sabe o que poderá acontecer no futuro.

Para além dos detalhes técnicos, quais são as diferenças principais que pensa que existe entre tocar bateria e usar "máquinas"?

Em qualquer dos casos somos nós que as controlamos e, apesar das diferenças físicas óbvias, não existe qualquer tipo de forma de tocar com outros músicos/artistas.


Falando de "máquinas". Qual a sua caixa de ritmos favorita?

Desde há bastante tempo que uso uma Alesis drum machine. Usei também HR A, HR B e SR em simultâneo.


Tenko Eno, Zeena Parkins, John Zorn e Fred Frith são alguns dos nomes com quem já trabalhou ao longo desta longa carreira. Para si, quais são os factores mais importantes para que consiga trabalhar com outros artistas? Estamos aqui a falar de empatia artística?

Sempre que possível gosto de trabalhar com os amigos. Para mim, é muito mais importante a empatia e a comunicação artistica do que as questões técnicas.


Neste momento, está a trabalhar com alguém? Pode avançar alguns detalhes sobre os seus projectos recentes e futuros?
Tenho andado a desenvolver imagens para serem utilizadas em vídeo aliadas a sons.
Editei o primeiro DVD pela Tzadik. Realizei uma animação para umas pinturas antigas do Bali que conta a história de uma viagem do inferno para o paraíso.
Na música, terminei o segundo álbum do projecto Phantom Orchard, com a Zeena Parkins, e o meu outro projecto Mephista, com Sylvie Courboisier (piano) e Susie Ibarra (drums), regressou da terceira tourneé europeia. Ainda tenho os meus dois concertos para Março de 2008 na Japan Society.




De que forma pensa que viver entre os EUA e o Japão se reflecte no seu trabalho artistico?
É bom que existam estas distâncias para termos uma visão diferente das coisas.


Neste concerto tocou três composições para filmes mudos. Escolheu-os ou foi convidada para fazer a banda sonora para eles?
Originalmente este espectáculo foi comissariado pela Tate Modern (London). Lisboa ouviu falar deste projecto e convidou-me.


Mudando de assunto, alguma vez pensou em editar numa netlabel? Que opinião tem sobre as netlabels e qual pensa que será o seu futuro?
Neste momento não tenho nenhum interesse em editar em netlabels...


O que pensa de Portugal?
Já estive em Portugal bastante vezes e gosto muito do país.



Fernando Ferreira e Nuno Loureiro
Fotografias: D.R.


Entrevista também disponível no Niji Zine/ClubOtaku




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