9.02.2006

Entrevista: snd

Pulsar


Com formação sonora no campo da música de dança, o duo de Sheffield snd inovou a electrónica britânica com um toque germânico. Minimalismo pós-moderno pouco vulgar num país habituado a ritmos mais orientados para a pista de dança. Voltando alguns anos atrás – quando as coisas eram bastante diferentes – Mark Fell e Mat Steel contextualizam a génese de um projecto.

Podem contar como começaram os snd?
Mark: Bem, nós começámos os snd em Agosto de 1998, tendo editado um 12” – na nossa própria editora – do qual a Mille Plateaux retirou um tema para a compilação “Modulations & Transformations”. A seguir, editámos mais um 12”, e foi então que a Mille Plateaux nos convidou para a produção de um álbum. É uma história muito simples...
Mat: Eu tenho ainda um projecto paralelo, chamado Blir.

Quanto aos vossos “antecedentes”: tiveram projectos anteriores aos snd?
Mark: Sim, estivemos envolvidos em algumas coisas, mas nada de especial...
Mat: Ambos fizemos várias coisas, tendo sido lançados alguns 12” por editoras pequenas, mas, na altura, trabalhávamos com um som mais comercial.

Os snd eram então algo mais maduro, ou apenas mais uma experiência?
Mat: Os snd são uma maneira de explorar os sons, mas não sei se será algo mais maduro...

Falou-se em maturidade porque tiveram outros projectos antes deste...
Mark: Bem, com efeito, nós fomos mais longe do que nos outros projectos.

Foi então uma evolução no vosso próprio som?
Mat: Sim, claro! Mas não era um ponto final, uma conclusão. Era apenas uma pausa numa viagem...

Era importante haver em Inglaterra estes novos projectos, mais experimentais, para mostrar ao público outras formas de electrónica, que não as da dance culture?
Mark: Acho que era importante para nós, ou não o faríamos. Não sei se era importante para as outras pessoas... [risos]
Mat: Nós não encaramos o nosso som como sendo melhor que música comercial ou de dança, porque nós, de facto, gostamos bastante de música de dança. Nós apenas retiramos esses sons, tratamo-los e transformamo-los em algo diferente...

Algo de pessoal?...
Mat: Sim. O que nós gostamos e ouvimos na música de dança são as batidas. São essas batidas que queremos guardar, retirando o resto.

LIFE IN SHEFFIELD

Há pouco referiram o facto de gostarem bastante de música de dança, tendo mesmo trabalhado nessa área. Qual era, na altura, a vossa opinião sobre a Criminal Justice Bill? [n.d.r.: a CJB foi uma directiva posta em prática em 1994 pelo então governo do Partido Conservador britânico, que visava a proibição de concentrações “ilegais” de pessoas – o que incluía as raves]
Mat: Era algo que existia apenas na Grã-Bretanha, não existia em mais nenhum país europeu...
Mark: Bem, isso afectou-me há alguns anos, quando estava envolvido em actividades que podiam ser afectadas por essa lei [risos].
Mat: Em Sheffield, existia um grande circuito de festas, que ocorriam todos os fins-de-semana em edifícios abandonados, florestas...

Nuno Loureiro e Rui Farinha
Fotografia: D.R.

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